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acompanho a F1 desde 1994. por vezes o estranhamento choca e traz interesse. gosto de história desde 2002. bons professores trazem a tona paixões que pareciam subexistir. sou Ridson de Araújo, tenho 21 anos, faço História na Universidade Federal do Ceará.

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Este blog foi criado no intuito de divulgar, publicizar opiniões caladas e pesquisas que em geral não tem o devido espaço que (acreditamos) merecem. A iniciativa foi de Ridson de Araújo, e agora contará com colaboradores. Cada pessoa que se encontra aqui na redação tem o potencial como várias outras pessoas que tem/não tem internet, de pensar e agir. Duas paixões e duas escolhas: História(s) e Velocidade.

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Uma opinião: Bernie Ecclestone



Retomando a nossa coluna semanal, entremeada por opiniões minhas e de Jobson Mendes, meu parente muito distante por parte de avô paterno , uma opinião após análise sobre este personagem extremamente controverso do paddock da F1 e do cenário político da categoria: o seu CEO, presidente "Uncle Bernie " Ecclestone, nascido em Suffolk, no dia 28 de outubro de 1930.







Para falar de Bernie, vou dialogar com alguns posts de outros blogs, os excelentes Histórias da F1 e Continental Circus. No Histórias da F1, Monocromático nos remete à carreira de Ecclestone:



- Piloto frustrado, que correra na F3 e deixara a categoria por conta de uma saída de pista cujo carro foi parar no estacionamento do circuito; e que em diversas tentativas de se alinhar no grid da F1, falhava miseravelmente, sendo muito mais lento que a maioria. Quaisquer detalhes a mais dessa empreitada, só conferir o link.

- Empresário de visão empreendedora, Bernie construiu carreira como colecionador de motocicletas e vendedor de componentes de motos, e depois como agiota e emprestador. Aventurando-se no mercado de pilotos,tornou-se empresário da promessa inglesa Stuart Lewis-Evans. Comprando a equipe Connaught, aos 27 anos, conseguiu alguns pontos com o pupilo Lewis-Evans. 1958, após a morte de Stuart no GP do Marrocos, deixa a F1 e volta a lidar com o ramo de empréstimos, leilões, sem deixar a atividade de empresário de pilotos. Assim, toma para si a promessa Jochen Rindt.

- Compra a Brabham em 1971, mantendo o nome pelo prestígio que a equipe possuía. Assim, administra a equipe como se fosse uma empresa, algo totalmente diferente do resto da F1 da época, mais "amadora" e entusiasmada pelo glamour. Ajudando na construção da FOCA, ou Formula One Constructors Association (uma espécie de FOTA nos dias de hoje), Bernie aumenta seu poder político dentro do circo da F1 e passa a gerenciar os contratos e acordos comerciais da categoria, favorecendo a marca e a ele mesmo. Tendo o conhecimento prático e estratégico da F1, é figura fundamental no boicote ao Gp de San Marino, em 1982, pela autonomia da FOCA nas decisões da F1 e alastra seu poder político com a presidência de Mosley na FISA (seu advogado na FOCA) e posteriormente, no cargo da FIA, posição que este Mosley ocupa de 1992 até os presentes dias.





- Bernie consolida a marca F1 com a criação da FOM (Formula One Management), se apropriando dos direitos comerciais e federativos da categoria e seu papel de "senhor dos anéis", cujos dedos são os dos executivos da grande corporação CVC, e que dão suporte financeiro para as transações.


(foto ao lado com os créditos ao Rianov Albinov, do excelente F1 Nostalgia)







Bernie e o crescimento da categoria F1



Enxergar Bernie dentro do panorama da F1 enquanto categoria cujo processo histórico foi de uma crescente expansão e popularização nos diversos mercados consumidores é percebê-lo enquanto sujeito histórico atuante, em uma relação praticamente dialética. Bernie tornou, como dissemos antes, a marca F1 em algo concreto, rentável e em consonância com a demanda comercial do capitalismo financeiro, corporativo e globalizado.



As duas criaturas crescem aos olhos de quem vê como um só, e complexas que são, entre o velho mundo da tradição, o dinâmico e sujo capitalismo globalizado e o novo e complexo mundo tecnológico e de possibilidades, a categoria atinge os níveis cibernéticos e suas medidas são frutos de seu tempo, e passíveis de suas transformações. Assim, Bernie é a figura-chave para entender o "teatro das sombras" que é a F1 e a sua popularização, ainda que o "velho duende" não seja figura escondida nem querida. Mas, referência...inegável.



É uma reflexão que deixarei para outro momento, com muito mais cautela e tempo para discorrer, mas é nesse processo contemporâneo de crescimento das marcas, do jogo comercial global é que a F1 e Ecclestone devem ser inseridos e observados. O diálogo com a História nunca é dispensável e acredito que esse olhar me ajuda a ver a F1 de outras formas.



Bernie e as polêmicas



Se inserimos Bernie em todo este contexto, como não o inserirmos nas grandes tensões políticas que a F1 passa? O constante risco de acidentes (e de mortes) foi sendo substituído pela limpeza estética e cirúrgica das condições da pista, dos carros e dos componentes (e ainda sim, coisa inevitável, são os acidentes. O caráter esportivo e lúdico de aventureiros e românticos foi sendo substituída pelo complexo jogo de investidores e cifras.


Bernie atuando como construtor na FOCA, ou como alguém para além do simples interesse de uma equipe (foi dono de duas, e em momentos de transição da F1), se localizou justamente no meio do fogo cruzado, sempre tentando levar vantagem pessoal e assim foi seu principal articulador. Sua figura empresarial no entanto contrasta com a própria relevância do esporte. Não é surpresa ver Ecclestone esse ano sendo considerado a salvação da categoria e elo do Pacto da Concórdia, já que justamente ele detém os direitos comerciais e faz parte do grupo que detém os direitos jurídicos, como um grande apresentador do circo; e ao mesmo tempo ser pivô de um ponto ultracontroverso ao negociar os direitos de transmissão com as equipes, num claro papel de: "eu já estive aí do lado de vocês, e agora sou eu que comando esse jogo, então sou eu que dito as regras, não importando que isso seja irônico e paradoxal." O que 25 anos, muitas cifras e um diferente lugar social confrontam a vida de um mesmo sujeito.




E em relação à critica do sistema de pontuação, que existe desde o começo da F1 e este mesmo Bernie na contramão de grande maioria dos torcedores e dos sujeitos que fazem o "esporte-negócio", opta pelo sistema de medalhas, favorecendo o vencedor em total detrimento dos "fracassados" e da importância da regularidade. Isto revela em parte o caráter de Ecclestone e do próprio jogo ao qual a F1 se insere: o da competição nua e crua, na qual só haverá um vencedor, o olhar apenas dos vencedores sobre os vencidos, o olhar do triunfo sobre a pluralidade e sobre as minúcias, as especificidades, as pequenas tramas que tão bem compõem e diversificam o esporte a motor.



Os elogios ao nazismo, por parte de Bernie e de Mosley, problematizados por mim neste outro post, as medidas autoritárias tomadas junto a Mosley no comando político e estratégico do top do Esporte a Motor não devem ser vistos como apenas produtos individuais ou insanidade, ou caducidade (caduquês....o nome que derem...), mas sim por um viés histórico, localizando-os em seus tempos de atuação e as demandas do presente. E isso não diminui em nada suas responsabilidade e falhas, mas ajuda a compreender, dentre outras coisas, como a F1 necessita hoje de figuras fortes e simbolismo arraigado,e como isso é usado para capitalizar o esporte e cifrar os desejos manifestos de torcedores por grandes emoções. Que maior exemplo seria então o do uso sistemático da figura de um heptacampeão como Schumacher e sua volta À F1 (que nem chegou a se concretizar de fato) para atrair atenções de uma antes ausente estrela atual, Alonso (cuja equipe foi absolvida na segunda feira)?
Minha tentativa, portanto, foi de mostrar Ecclestone em seu contexto, em seu habitat e em seu próprio jogo, e como ele historicamente constrói seu império à imagem de uma categoria esportiva que vai para muito além de sua figura. Estorvo, lunático ou empreendedor, o fato é que Ecclestone representa a parte pelo todo, a clara intervenção do sujeito na sociedade, e a sociedade no sujeito, e o paralelismos de suas experiências práticas. Mesmo não gostando, é figura obrigatória de se observar com olhos bem atentos...
Claro, há outros aspectos a serem explorados, mas quero que vocês leitores os abordem; apenas dei o pontapé inicial:
Comentem!

Bibliografia:


http://www.grandprix.com/gpe/cref-eccber.html



http://historiasdaformula1.blogspot.com/2007/09/bernie-ecclestone-o-piloto.html


http://pt.wikipedia.org/wiki/Bernie_Ecclestone

http://continental-circus.blogspot.com/2009/08/o-regresso-de-antti-kahola-e.html



4 comentários:

  1. Ecclestone é um carma da F1. Por sorte, a ideia dele sobre o sistema de vitórias para decidir o campeão não foi aceita.

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  2. bernie é a velha raposa da F1 que viu o lucro que a categorai daria e largou a brabham pra se endinheirar com a FOM. e só tem ideia idiotas e frases imbecis, como não ligar a saida da super aguri em 2008 e ficar elogiando compulsivament eo Schumacher desmerecendo os pilotos da categoria.

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  3. Bernie foi essencial ao circo durante algum tempi, incluindo o período que foi proprietário de uma das maiores equipes do grid. No entanto, acho que ele passou a representar o que a F1 tem de pior, com esse espirito de lucro a todo custo. Infelizmente, é um daqueles que não soube quando parar...

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  4. Já digo há muito tempo que Bernie Ecclestone foi um génio em transformar a formula 1 naquilo que é hoje. Há 35 anos, por exemplo, as boxes não eram mais do que oficinas, os mecânicos sujavam-se "a sério" e as transmissões televisivas eram uma piada.


    Ecclestone sabia que a entrada da TV, bem como a chegada da publicidade, que aconteceu quando a então CSI aboliu a obrigatoriedade dos carros estarem pintados com as cores nacionais, em 1968, era uma oportunidade de ouro para ganhar dinheiro com a Formula 1. Daí ele ter comprado a Brabham em 1971 ao Ron Tauranac, e depois ter fundado a FOCA (Formula One Contstructors Association), para defender os interesses das equipas, e depois, negociar as transmissões televisivas pelo melhor preço possivel para maximizar o lucro.


    Hoje em dia, ainda se mexe no negócio, porque não consegue viver sem isto. Reparem: ele tem quase 80 anos, mas ainda anda por aí, a sua resença é temida, e todos vão bater-lhe à porta, principalmente os organizadores dos GP's, para tentar levar a Formula 1 para os seus países. O seu prazo de validade já expirou, mas eles ainda não podem correr com ele, pois está saudável. Velho, mas saudável.

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