Os escritores que aceleram neste blog

Minha foto
acompanho a F1 desde 1994. por vezes o estranhamento choca e traz interesse. gosto de história desde 2002. bons professores trazem a tona paixões que pareciam subexistir. sou Ridson de Araújo, tenho 21 anos, faço História na Universidade Federal do Ceará.

A Redação

Este blog foi criado no intuito de divulgar, publicizar opiniões caladas e pesquisas que em geral não tem o devido espaço que (acreditamos) merecem. A iniciativa foi de Ridson de Araújo, e agora contará com colaboradores. Cada pessoa que se encontra aqui na redação tem o potencial como várias outras pessoas que tem/não tem internet, de pensar e agir. Duas paixões e duas escolhas: História(s) e Velocidade.

O blog, na verdade: é de todos.

StatCounter


View My Stats

domingo, 5 de julho de 2009

Ecclestone, a ralé e o totalitarismo

Hanna Arendt, uma grande filósofa do século XX, ao analisar a emergência dos regimes totalitários na Europa (não pq fossem necessários, mas pq as coisas realmente se desenrolavam para acontecer assim), entende que durante o período da expansão do Imperialismo* (ou chamado de Neocolonialismo), nas metrópoles imperiais, foi surgindo uma população pobre que se apropriava dos valores capitalistas (e tamém a propaganda capitalista era voltada para ela), foi se aburguesando, mas almejava chegar ao poder (fosse político, fosse econômico). Arendt dá o nome de ralé a essas classes sociais. Uns na força de suas palavras e ações, foram ascendendo politicamente, e pela firmeza que se expressaram, tomaram suas truculências como firmeza. Em geral com fortes alianças militares, ou criando seus próprios grupos paramilitares. Franco na Espanha pós-guerra Civil; Salazar em Portugal; e os mais conhecidos, Hitler e Mussolini. O mais influente talvez fosse Mussolini, e suas medidas econômicas e doutrinárias se espalharam pela Europa e reberveravam nos países ditatoriais da América Central e do Sul. Vargas, por exemplo, no Brasil. É claro, cada particularidade à cada caso, cada historicidade com suas dinâmicas.
Contudo ninguém foi mais marcante do que Hitler. Onde truculência e loucura ficam lado a lado com ardilosa força da palavra e capacidade de reunir diante de si pessoas bastante influentes e articuladas, coisa boa não dá. E não deu. A política de limpeza étnica, aliada a uma rígida hierarquia militar, forjaram uma imagem endemonizada de Hitler, que para mim não é modelo para análise, e nem muito para modelo de postura política. Hitler era desprezível, assim como todos esses líderes ditatoriais, e todos aqueles que compactuavam com suas idéias e se favoreciam delas. Sim, porque nunca uma ditatura se apóia pela força tão-somente. Somos nós que erramos ao atribuir grands feitos (bons ou ruins) a poucos homens, e nos esquecemos de que são feitos por muitass pessoas, que os apoiam, ideologicamente, politicamente e financeiramente. Hitler, Mussolini e Franco se aliaram à burguesia financeira para ascenderem socialmente. Ainda sim, fazer qualquer apologia a qualquer um deles é suicídio. Ter sua imagem associada a qualquer truculência é suicídio, imagine a imagens como essas.
Ecclestone cometeu esse suicídio. Os bloggers do Grande Prêmio, Victor Martins e Flávio Gomes, fizeram duras críticas a Ecclestone, cada um trazendo um elemento interessante. Nossa hipócrita postura política, detonada por esses dois bloggers, e o fato de Ecclestone ter agido muitas vezes como esses totalitaristas, eliminando adversários e se apoiando em tantos outros. Vou pesquisar e acho que dentro de alguns dias, trago aqui um pouco da trajetória de Bernie. E faço o convite a todos que lerem este texto a fazerem o mesmo. Vamos debater e analisar o quanto Ecclestone não é apenas fruto de sua habilidade política-financeira, ou de sua truculência. Vejamos quantos os apoiaram. Quantos nos blogs e sites de jornalismo elogiaram Ecclestone por suas posturas, e quantos acompanharam sua ascenção dentro da categoria.
Se Hitler e Ecclestone tem em comum uma série de posturas, tem também em comum grandes feitos (nada elogiáveis, mas sim, grandes feitos) e principalmente, o apoio de muita gente que tinha/tem posturas semelhantes e sobretudo, desejos de ascenção social por quaisquer veículos que sejam. Minha crítica não é somente a estes dois sujeitos históricos, mas também à hipocrisia de atribuir grandes males a grandes malfeitores, absolvendo todos os outros. Minha crítica é mais ferrenha, talvez. Mas não absolve ninguém.
* período compreendido entre mais ou menos a década de 1870 à 1910, sendo que estas colônias, que se localizavam na Ásia e África, essencialmente, foram sendo independizadas ao longo do período entre guerras e principalmente no pós-guerra, gerando inúmeros conflitos internacionais, fossem apenas diplomáticos ou fossem conflitos armados.

7 comentários:

  1. O Bernie está mostrando quem ele é!

    ResponderExcluir
  2. Ridson:

    A atitude do "Mad Bernie" não me surpreende. Aliás, nunca me surpreendeu. Estamos a falar de alguém que teve uma infância difícil, cresceu a vender automóveis, descobrindo uma habilidade inata para os negócios, e comprou a Brabham em 1971 para o tornar naquilo que foi nos anos 70 e 80 do século XX.


    Depois foi o presidente da FOCA, a Formula One Constructors Association (irónico, não é?) e começou a fazer vender a Formula 1 ao grande público e às cadeias de televisão, transformando uma dispicplina onde os mecânicos e a desorganização era preponderante, em algo limpo e asséptico. E com muitas caras bonitas.


    Isto é a vida dele. E foi sempre bem sucedido, mesmo com o seu estilo um pouco bruto. O José Carlos Pace chamava-o de "anãozinho tenebroso", enquanto que o Nelson Piquet tinha assinado o seu primeiro contrato com a Brabham, onde Ecclestone ficava com a maioria dos lucros, pelo menos nos primeiros tempos.


    O que não falta por aí são exemplos da sua forma de fazer negócio, resumida na seguinte frase: "my way, or the highway!" E para ele, deu sucesso até aos dias de hoje...

    ResponderExcluir
  3. Também não me surpreendeu, Speeder. Acho que faltou a mim dizer isso aqui. Mas é justamente isso que me incomoda: parecer ter sido surpresa a tanta gente, que há tão pouco tempo detonava o cara pela truculência,direcionando todo o foco a Mosley. É esse comportamento político de direcionar a culpa a sujeito "a" ou "b" pela ocasião, e não perceber o conjunto da obra.

    ResponderExcluir
  4. Ridson,
    Bacana, o seu blog.
    Direto ao assunto:
    Será que essa postura do Bernie foi para agradar seus novos parceiros muçulmanos e facilitar a investida e a fixação da F1 no oriente? Ele só pensa em dinheiro (tal e qual seus mais novos e poderosíssimos inimigos - os judeus)...
    Abs.

    ResponderExcluir
  5. Anselmo: já vi em outros blogs que essa atitude foi para justificar decisões sobre os novos negócios com Gps na Bulgária e a renovação no Oriente. Mas quem pode ler mesmo toda a declaração dele, verá que não se faz ataques a judeus em si, e sim uma disfarçada apologia a pessoas (como ele), que tomam as decisões e "fazem acontecer", nem que seja de qualquer maneira. No fim das contas eu penso que foi mais uma auto-afirmação de sua postura e de seu lugar nos negócios da F1, sentindo que o "novo" alvo da FOTA é ele mesmo.
    Vale lembrar que a FOTA participa menos do que deseja da escolha de novos cenários para correr, e muito critica o "anãozinho tenebroso" por isso.

    ResponderExcluir
  6. Excelente post! E uma abordagem interessante para a F1, atraves da pesquisa histórica.

    Pelo que sei, a grande sacada do Ecclestone foi negociar os direitos de transmissão das corridas, fazer a F1 virar um programa de tv e repassar a grana às equipes, esvaziando o poder que os donos de autódromos e automóveis clube tinham na categoria. Em teoria, os aliados dele são as marcas que anunciam nos carros e os bancos que estão por trás dele, como o CVC. Em resumo... o sistema capitalista é o culpado?? Ou melhor: a sociedade do espetáculo? Não me parece improvável...

    ResponderExcluir
  7. Grande figura aparecendo aqui no blog, o Daniel Medici, do Cadernos do Automobilismo.
    É fato que Ecclestone sabia gerenciar seus contatos, contratos e "recursos humanos" com a maestria de um investidor em Wall Street.
    A fase capitalista financeirra- especulativa atingiu em cheio a F1, como um negócio lucrativo e internacional, e ele soube bem conduzir para o efeito de divulgação,aos poucos se apropriando dos direitos da marca F1, que antes não tinha dono.
    A sociedade de consumo de espetáculos, subproduto do capitalismo financeiro, em que marcas realmente valem até mais que a qualidade do produto, fez ser emergente a figura de um Ecclestone, mas era algo que qualquer um com as idéias certas na hora certa faria (como bem lembrou o Ico, no blog dele).
    Agora muita gente se beneficiou e apoia a F1 como está, e não são poucos, principalmente entre os fãs, que arquem com quem apoiam. Ditadores só chegam lá porque as pessoas demandam por ditadores, mesmo que depois os neguem e tentem cada um limpar a suas consciências.

    Não que caiba hipocrisia de achar que a F1 atual não seja mais interessante em outros termos: geração de empregos, acessibilidade, qualidade nas transmissões, e isso deve ser mantido. Mas a politicagem, o jogo de feudos, e na minha opinião o elitismo de muitos, que p/ mim deve ser extinguido.

    Vi em muitos lugares a implicância com outros palcos do automobilismo, acusando a F1 atual de ser mundial demais, colocando lugares não-apelativos para o público que vê de fora, e em lugares que não são muito fãs do esporte. Ora, mas não é um mundial? Só temos que ter corridas na Europa e EUA e só, com exceções do Brasil porque somos brasileiros?

    o melhor a se fazer é aumentar o número de corridas, chegando a 20, realizar um rodízio de circuitos, e sem dúvida melhorar extra e intra pista, seja em divulgação, aproximação com os fãs etc. e tal que teremos todo o tempo do mundo para especular.

    ResponderExcluir

Este é o momento mais gratificante do blog: a sua opinião e visita; não serão permitidas ofensas pessoais nem preconceitos tolos