Os escritores que aceleram neste blog

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acompanho a F1 desde 1994. por vezes o estranhamento choca e traz interesse. gosto de história desde 2002. bons professores trazem a tona paixões que pareciam subexistir. sou Ridson de Araújo, tenho 21 anos, faço História na Universidade Federal do Ceará.

A Redação

Este blog foi criado no intuito de divulgar, publicizar opiniões caladas e pesquisas que em geral não tem o devido espaço que (acreditamos) merecem. A iniciativa foi de Ridson de Araújo, e agora contará com colaboradores. Cada pessoa que se encontra aqui na redação tem o potencial como várias outras pessoas que tem/não tem internet, de pensar e agir. Duas paixões e duas escolhas: História(s) e Velocidade.

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sexta-feira, 19 de junho de 2009

O casamento acabou?

Lá vai uma analogia inicial longa e uma análise maior ainda (desculpem por ser bem longa):
Dois pais bem arrogantes e confusos, com uma relação que antes foi amorosa, na época do casamento, de um relacionamento bem antigo que foi aos poucos se consolidando. É, depois a química foi esfriando, os filhos foram crescendo e indo embora; outros voltando p/ casa. Muitos outros amigos e admiradores os acompanhando em todo o mundo. As dúvidas vieram: quem vai pagar a escola das crianças? Quem vai buscá-las na escola? Quem vai alimentá-las? Quem está certo ou errado?
A esposa resolveu questionar a lógica de dominação patriarcal. Resolveu reclamar seus direitos e ter mais liberdade. Resolveu polemizar e o marido também. Aliás, o maridão era tão cabeça-dura e tão muquirana que os olhos de fora o viram como o maior vilão. A mulher, ganhando mais que o homem, disse que era ela que tinha que mandar em casa, e ele que se calasse. As arrogâncias e autoritarismos foram crescendo. Diversas conversas no quarto e no corredor foram feitas, e as crianças, e os vizinhos, e todo o mundo ficaram loucos p/ saber o se passava.
Aí o casamento teve fim. A esposa disse que não dava mais. O marido quer processá-la, quer o divórcio que na verdade sempre viu como um tiro no pé. E a esposa também suspirou muito antes de tomar a decisão, pois sabe que vai ser difícil a coisa. Os filhos ficarão divididos, crescerão em clima de turbulência, grana perdida e grana mal usada.
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Parece novela, e foi mesmo. Dois meses de expectativa, de disputa covarde e politicagem desmedida. Mosley é fanfarrão, mas não é desmiolado. Ataca a FIA e faz o mesmo. É autoritário, é caeça-dura, mas usa bem a lógica. Não propõs algo absurdo; quer dizer: o regulamento duplo foi a tal da burrice, mas e o resto? Redução de custos, inserção de novas equipes, de novos investidores, tornar o campeonato mais competitivo e mais forte diante de uma crise.

A Fota também foi esperta; tinha boas propostas e soube muito bem articular interesses tão distintos em diretrizes comuns. Mas a soberba foi ficando mais clara, e que nunca sumiu. A arrogÂncia de motorhomes, de iates e de festanças foi ficando contraditória com um momento de crise financeira e de discursos de redução. Claro que redução de custos não é simples: muitos postos de trabalhos serão eliminados, e isso é muito ruim. Mas simplesmente gastar horrores não faz sentido. As montadoras e patrocinadores não tem compromisso com o esporte, só visam o lucro e saem e voltam como querem. E é inocência ou falta de informação achar que isso não ocorre em uma realidade do capitalismo rotativo financeiro especulativo, e p/ os que não sabem, bom, acordem p/ o mundo em que vivem.O esporte hj em dia é um negócio muito sério.

Paradoxalmente, sem o capitalismo, não há F1. No entanto,sem uma gestao séria e organizada, também não há. Segundo Horner, o chefe da Red Bull, é Bernie, o grande negociador (gagá, mas de bobo não tem nada), o homem que tornou a F1 lucrativa (tem sim os méritos, mas foi só obra dele?)é o homem que encontrará um ponto comum. Uns dizem que ele vai p/ onde tem grana; outros, que seus princípios indicam que lidar com a Fota agora vai ser mais foda. Em minha opinião, nem uma coisa nem outra se pode mais afirmar.Ele é o maior perdedor nessa briga, e terá que intervir. Mais do os fãs. Não que nós tenhamos tanta grana quanto ele,mas nós com certeza teremos mais opções de entretenimento;nenhum de nós depende desse esporte p/ sobreviver.

O momento é crítico e se há uma hora p/ se costurar um acordo, essa não me parece ser a melhor hora. É preciso esfriar os ânimos e deixar baixar a poeira. É preciso que os dois lados sintam na pele, e na paciência dos que os acompanham, que nenhum dos dois sairá ileso ou vencedor. Ninguém venceu; ninguém estava certo.

Na transmissão da FIA no primeiro treino de hoje, apareceu Nelsão Piquet falando em português: mas quais serão os circuitos? Talvez não se falte circuito, mas se falta estrutura e logística. A Fota não sabe fazer isso; vai ter que se virar. Três carros p/ cada equipe? Quanto vai custar isso? Vai virar uma nova Indy? Quem vai ser o juiz, já que é evidente que ali só há cobras que com certeza se matarão a qualquer disputa maior.
Eu arriscaria a dizer sem dúvidas que ambos os lados saem perdendo, que ambos os lados são arrogantes e cabeças-dura, que ambos os lados irão reger seus próprios campeonatos com os riscos e erros. Se Mosley errava nos argumentos, agora acerta, mas erra na postura. As equipes acertavam nos argumentos e na postura; agora erram nas duas coisas, mas tem a seu favor o ainda prestígio. Por quanto tempo? Não gosto do comportamento da Ferrari, e do quanto ela se acha. Não torço por equipes, torço por um esporte interessante. Me desagrada Mosley e seu método autoritário, mas me desagrada tanto quanto, ou mais, pipoqueiros elitistas como os dessas equipes. Aqui mesmo no blog, questionei a existência de uma "essência" da F1, já que a identidade dela é constantemente reapropriada e ressignificada, já que é um discurso e não uma realidade pre-existente.

Arrisco um palpite: A gp1, ou nome que o campeonato da Fota inventar durará dois anos, e neste período será desenhado um acordo com a FIA. Mosley sai, pq uma hora ou outra vai sair (ora, quantas perdas pessoais esse homem ainda terá?), o sucessor será muito arisco e desenhará um acordo sangrento, confuso, mas emergente, diante de uma realidade automobilística cruel para F1 e o "outro". Manterá a influência da instituição, mas existirá a abertura. E a nova F1 herdará os mesmos problemas, intrigas e pactos que por muito tempo já a vinham mantendo.

3 comentários:

  1. Agora rachou de vez. Oito equipes anunciam o divórcio da F-1. Adeus à F-1. A Brawn GP, do líder do campeonato da Fórmula 1, Jenson Button, e outras grandes escuderias, como Ferrari e McLaren, rompem com a FIA e criam categoria paralela. Em meio à turbulência, pilotos treinam para o GP da Inglaterra, domingo.
    O Presidente da FIA, Max Mosley, aceitou aumentar o teto orçamentário para a próxima temporada, mas as equipes não ficaram satisfeitas.
    Max Mosley, perdeu queda de braço com equipes e verá torneio paralelo à F-1. em 2010.
    Pinheirinho é divulgador cultural é maranhense, a partir de Brasília. - E-mail: pinheirinhoma@hotmail.com

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  2. Sinceramente acho que voltam atrás e terminam com essa divisão. Mosley não conseguirá vencer uma eleição tendo sido responsável por esse impasse. A decisão do teto é acertada, mas não sem diálogo e com imposições sem respeito as equipes.
    Bernie está vendo sua galinha dos ovos de ouro fugir. O cara é uma raposa, sabe como contornar essa situação, apenas espera a poeira baixar.
    Mas se eu errar a previsão e dividir mesmo, não assisto a Fórmula 1 por causa de seu nome. Assisto porque tem as melhores equipes, pilotos e o topo do automobilismo em vários aspectos.
    Onde tem dinheiro e muita vaidade é impossível conversar. Essa será a batalha dos próximos meses.
    Abraço.

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  3. Olá Ridson, ótimo post.

    Já respondi seu e-mail!


    Acredito que muita coisa ainda será discutida, particularmente gostei da atitude da FOTA creio que foi uma bela cartada que pegou a FIA desprevenida. Não é de agora que há esse impasse, há um bom tempo as montadoras demonstram uma insatisfação com os rumos da categoria e a forma como é administrada. Em 2004 houve os primeiros encontros entre os representantes das montadoras para discutirem seus interesses e investimentos na Fórmula-1 a Gran Prix World Championship (GPWC). A principal reclamação na época era sobre a arrecadação, onde 47% do total ficavam com as equipes e o restante todo para o Bernie Ecclestone e seus sócios.

    As montadoras já haviam previsto um campeonato paralelo para 2008 e anunciaram os primeiros estudos de viabilização do campeonato, já que no final de 2007 chegava ao fim mais um Pacto de Concórdia. Aconteceram mais algumas disputas políticas envolvendo as próprias montadoras. No final de 2004, Bernie Ecclestone se aproveitou desse desentendimento e então se reuniu com as equipe independentes e a Ferrari para renegociar o pacto e conseguiu renovar primeiramente com estes até 2012 já que ele concordou em abrir a carteira e destinar mais alguns milhões de dólares para as equipes. Esse novo acordo entre a FOM e a FIA para o novo pacto a maior beneficiada como sempre foi a Ferrari o que causou um mal estar entre os representantes da GPWC e resultou na saída da equipe italiana do grupo que ficou enfraquecido e esquecido até a criação da FOTA em Setembro de 2008. Para ira do presidente da FIA.

    Como disse antes, ainda pode acontecer muita coisa. Além de dinheiro e poder fica claro que a FOTA quer realmente é tirar Max Mosley do caminho. Vamos ver que bicho dá, já que há muitas coisas pendentes e contratos assinados para no mínimo até o ano de 2012. Mudanças são necessárias, existem inúmeras manifestações benignas e malignas que devem ser tratadas com atenção. Nenhuma das duas partes está totalmente correta, ambas tem seus pecados. Mosley sabe que um dia isso poderia acontecer, mas, está fazendo de tudo para não ser sob sua gestão.

    Como eles vão resolver isso eis a questão?

    Valeu!

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