Os escritores que aceleram neste blog

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acompanho a F1 desde 1994. por vezes o estranhamento choca e traz interesse. gosto de história desde 2002. bons professores trazem a tona paixões que pareciam subexistir. sou Ridson de Araújo, tenho 21 anos, faço História na Universidade Federal do Ceará.

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Este blog foi criado no intuito de divulgar, publicizar opiniões caladas e pesquisas que em geral não tem o devido espaço que (acreditamos) merecem. A iniciativa foi de Ridson de Araújo, e agora contará com colaboradores. Cada pessoa que se encontra aqui na redação tem o potencial como várias outras pessoas que tem/não tem internet, de pensar e agir. Duas paixões e duas escolhas: História(s) e Velocidade.

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sexta-feira, 19 de março de 2010

A odisséia da falta de ultrapassagens

Não faltaram comentários, posts e reportagens questionando todos os envolvidos no cenário da F1 sobre o que fazer com a falta de ultrapassagens na F1. Não vou ficar aqui repetindo o mais do mesmo de todos estes textos, cada qual com suas informações relevantes (ou não) para um debate que me parece um tanto quanto redundante demais.

Estive, nos últimos meses, entre um momento e outro de sossego no meio de um furacão de atividades para fazer (fins de faculdade, concursos para professor etc, motivos pelos quais estive tão ausente, tão sem tempo, tão sem graça para comentar qualquer coisa, e que o Jobson primorosamente supriu minha ausência) baixando corridas dos anos 80 e início dos anos 90...mais precisamente, num recorte entre 1980 a 1994, período considerado áureo por muitos fãs da F1, o período em que todos se baseiam para criticar a falta de emoção das corridas. Não vivi ativamente neste período, pq sou de 88, e não entendia nada de corridas até 1996 para frente.Curiosamente, acabei tirando algumas conclusões destas "fontes históricas":

1. existiam verdadeiras procissões, demarcadas por corridas chatas e quase sem ultrapassagens em, no mínimo, 40% das corridas inteiras.
2. as alternativas das corridas eram baseadas quase que exclusivamente no gasto de pneus, na possibilidade de um ou outro ter problemas mecânicos, ser induzido a um erro ou quebra de motor. As estratégias em suma, se davam no consumo dos pneus. Poucos e raros eram os exemplos deganhos de tempo baseados em uma mudança de trajetória e ataque Às zebras, e aopinião dos pilotos era de que, basicamente, o carro fazia o campeão, e não o contrário, salvos os exemplos de 1986 e 1991, nos quais Prost e Senna venceram por habilidade e regularidade, e não por terem os carros mais rápidos. Vale ressaltar que em ambos os casos, estes pilotos competiram com as Williams, rápidas e problemáticas como as atuais Red Bulls.
3. De fato, alguns campeonatos me chamaram a atenção: 1984 e 1993, porque tiveram mais emoções em suas corridas. Não consegui exatamente estabelecer um padrão entre eles, mas foram marcados por grandes pilotagens de experientes e jovens pilotos em início de carreira. Um Senna estreante, assim como um Bellof iniciante em 1984, como Barrichello estreante e Fittipaldi iniciante; e a experiência de Piquet e Lauda em 1984 com a experiência de Senna e Prost de 1993.Além de termos um na época, win-or-wall de 1993, Michael Schumacher.

E daí? O que estas corridas do passado me disseram em termos de competitividade, para podermos pensar o agora?

- As corridas tinham alternativas pela falta de confiabilidade do carro, fato este que não temos atualmente (exceto com as novatas)
- Os pilotos tinham mais agressividade pq não eram necessariamente punidos por qualquer coisa, a qualquer hora.
- Para se ultrapassar alguém ( e isso não era fácil com carros tecnicamente parecidos) era preciso ou se ter agressividade maluca, ou ter um carro muito superior. E isso não é tão diferente de hoje, entretanto os pilotos de agora não são agressivos pq não podem.

Outra coisa: os mesmos circuitos que traziam emoções e ultrapassagens são os mesmos de agora. E esse é um fator fundamental. Na era dos circuitos tilkeanos, os circuitos são lentos, travados, com muitas áreas de escape. Ter uma margem de segurança para os pilotos que escaparem é importante...entretanto, se vc puder errar bastante e ainda assim ter condições de voltar, isso torna o desafio muito menor. Circuito pouco desafiantes favorecem uma menor quantidade de erros. E isso mina certos tipos de ultrapassagem.

Se nos circuitos que tivessem grandes áreas de escape de fato, com a possibilidade do piloto voltar, fosse permitido usar até esse espaço para se ganhar velocidade para ultrapassar, isso talvez pudesse ser um recurso interessante, mas na F1 estética e politicamente correta demais, isso nunca acontecerá. Alguém se lembra que Webber teve de ceder posição a Alonso na corrida passada de Cingapura?

Os que esquecem que a F1 tem sua história não devem se lembrar que em 1993 foi bastante discutido o porquê da falta de ultrapassagens na F1...curioso, não? E a alternativa encontrada foi: volta do reabastecimento, que não ocorria desde 1983. E aí, isto funcionou?

Chegamos na situação-problema do post: várias medidas vem e voltam, para buscar mais ultrapassagens. Uns celebram a volta de um recurso já utilizado e muito questionado, mas certos pontos não são questionados, mascarados por um discurso dito realista: não se podem culpar os circuitos. Ora, pq não? Um circuito com uma ou duas oportunidades de ultrapassagens, sem pontos que induzam ao erro?

As equipes se degladiam em torno do desenvolvimento do carro, criando brechas no regulamento e praticamente criam carros perfeitos aerodinamicamente, com freios ultraeficientes, com motores eficientes e com conjuntos eficientes. E que não permitem a aproximação de outros carros, sob pena de desgaste aerodinâmico...ora, manda isso tudo pro espaço, ou então não vai se ter ultrapassagens e emoção de jeito nenhum.

Um último ponto, mas não menos importante, e que dificilmente é levado em consideração: os pilotos hoje em dia passam por diversas categorias de acesso,mesmo os pagantes. Chegam na F1 praticamente maduros, eficientes. Os melhores comentaristas da F1 dizem o mesmo: ninguém chega na F1 para levar uma surra em termos de performance própria. Estão muito próximos em nível de pilotagem, e ainda existem aqueles que acreditam que um piloto é fora de série.

Para mim, caro leitor, uma coisa é muito clara: não dá para esperar mais emoção nas corridas se os elementos que compoem a essência da F1 não mudarem. Muda-se regulamento técnico, mas se mantém pilotos, dirigentes, politicagem e circuitos...


Espero poder voltar a postar com frequência aqui no Histórias e Velocidade, a partir de agora...abraços.

2 comentários:

  1. camarada ótimo post!

    sim, realmente vocês enumerou os faotres corretíssimos. Mas as mudanças feitas na temporada de 94 foram mais ocasionadas porque a FIA queria equilibirar o campeonato novamente, já que uma equipe( Williams) dominava com folga o campeonato, ficando muito distante das demais. O reabastecimento e a proibição da eletrônica se deu por isso... Mas hoje acho que o grande problema pra falta de ultrapassagens é a falta de bons circuitos que propiciem a isso...abs!

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  2. Enquanto as pistas travadas permanecerem , não vamos ter boas corridas nunca !
    Só teremos boas corridas quando voltarem as pistas de altas velocidades , caso contrário , estaremos assistindo uma grande procissão de longa duas horas .
    E eu que acho mais estranho nisso tudo , é que tempos atrás travaram circuitos como : Monza , Silverstone e , tantos outros .
    Agora estamos fadados a ver essas vergonhosas corridas que não valem um kibe .

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