Os escritores que aceleram neste blog

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acompanho a F1 desde 1994. por vezes o estranhamento choca e traz interesse. gosto de história desde 2002. bons professores trazem a tona paixões que pareciam subexistir. sou Ridson de Araújo, tenho 21 anos, faço História na Universidade Federal do Ceará.

A Redação

Este blog foi criado no intuito de divulgar, publicizar opiniões caladas e pesquisas que em geral não tem o devido espaço que (acreditamos) merecem. A iniciativa foi de Ridson de Araújo, e agora contará com colaboradores. Cada pessoa que se encontra aqui na redação tem o potencial como várias outras pessoas que tem/não tem internet, de pensar e agir. Duas paixões e duas escolhas: História(s) e Velocidade.

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quarta-feira, 29 de julho de 2009

A BMW tá fora...e o que isso significa para a Fia, A Fota e a Epsilon Euskadi?

"A FIA lamenta o anúncio da BMW da sua intenção de deixar a F1, mas não se surpreendeu com a decisão.Ficou claro há bastante tempo que o automobilismo não pode ignorar a crise econômica. Os fabricantes de carros não podem continuar a gastar grandes quantias de dinheiro na F1 quando suas sobrevivências dependem de demissões, fechamento de fábricas e ajuda dos contribuintes.


Por isso que a FIA preparou um regulamento para reduzir os custos de maneira drástica. Estas medidas foram necessárias para aliviar a pressão nos fabricantes após a saída da Honda, mas também para permitir a entrada de novos times.Caso este regulamento não tivesse recebido uma oposição tão forte de tantos chefes de equipe, a saída da BMW e possíveis novos anúncios
no futuro poderiam ter sido evitados.


Ainda assim, como resultado de uma campanha de corte de custos coordenada pela FIA, as novas medidas estão no processo de ser aceitas, o que deve tornar mais fácil a entrada de novas equipes
e a participação dos times existentes com receitas muito mais reduzidas.Não é nenhum segredo que as medidas não vão tão longe quanto a FIA gostaria, mas um compromisso era necessário pelo interesse na harmonia do esporte.


Tomara que seja o suficiente para evitar novas saídas e garantir uma fundação sólida para a F1.Como guardiã do esporte, a FIA está comprometida a garantir que a F1 siga financeiramente sustentável para todos os seus competidores
, e sempre vai agir para garantir que isto permaneça assim."

As palavras da FIA para o fim da trajetória de 4 temporadas da BMW como construtora

O fim
Com relativo sucesso enquanto fornecedora do conjunto motor-câmbio para Brabham nos anos 80 e Williams nos anos 2000, em 2005 comprou a equipe Sauber. Segundo Ecclestone, a equipe tinha metas (no sentido de obrigações) de pelo menos concorrer ao título em três anos, ou seja, 2008. E conseguiu, levando Kubica a concorrer ao título, e conquistando o vice-campeonato de construtores em 2007 (apenas porque houve a punição da Maclaren).
Desde 2008, a F1 vem sofrendo com uma nova e poderossísima onda de crise financeira mundial, assolando a categoria com o abandono da SuperAguri, depois de sua dona, a Honda, e surpreendentemente, da BMW, que faz o pior campeonato desde seu início, um retrocesso caro e débil para o que fora no ano passado, quando conquistou a primeira vitória.
As vendas da BMW decaíram assustadoramente no último trimeste, mas tudo indica que a decisão se alastra desde o fim da Honda, no dezembro passado.
A onda de concordatas e recessões nas grandes empresas que atuam no setor automobilístico, como Mitsubishi, Subaru, GM, Michelin (no setor de pneus) claramente era vislumbrada com muito cuidado por todos. Tanto que durante o ano todo, grandes eram as especulações sobre a venda das equipes Toyota e Renault, cujos resultados foram bastante inferiores ao esperado. Outras equipes estão na berlinda, como a Williams, a Force India (por conta das vendas da Kingsfisher, do dono da equipe, estarem em baixa) e a própria Brawn, ainda líder dos dois campeonatos, mas com o dinheiro da Honda no fim e sem contrato firmado com grandes patrocinadores.
O novo debate: ele estava certo?
O que nos leva à pergunta: como se reconfigura o debate político entre FIA e FOTA? Sobre tudo: tetos orçamentários, redução de gastos, atração de novas equipes, identidade (ou não) do esporte, comprometimento com o esporte...
Mosley estava certo? Flávio Gomes acha que sim. Eu prefiro dizer que, no tocante ao comprometimento e à criação de medidas para a redução dos gastos, sim. As montadoras seguem à lógica do capital, especificamente à mais recente, do corporativismo internacionalista de caráter privado, no qual o maior interesse é no lucro da empresa, não importando seus parceiros e seus investimentos. Comprometimento, só com a empresa. O resto que se foda.
Ele estava certo, mas suas afirmações eram um tanto óbvias, mas que o asco pela sua imagem ditatorial cegou suas afirmações coerentes com o momento histórico em que vivemos.
A FOTA mais uma vez enfraqueceu, e dessa vez, em um pilar forte. Mas rapidamente agiu e cada equipe já declarou, exceto a Renault, o comprometimento com 2010 e com a FOTA, desenhando a possibilidade de usar três carros para atrair mais fãs, ou de dar total apoio ao reeerguimento da Sauber, se for pertinente.
E a Epsilon Euskadi?
Justamente onde queria chegar. E a Epsilon Euskadi? Ora, não será fácil para a Sauber se reeerguer e fazer como a Brawn fez. Não. A Brawn só pôde existir com o comprometimento da Honda em salvar seus funcionários. A BMW também prometeu isso, mas não sabemos até onde a montadora estava investindo em 2010, ao contrário da Honda, que investiu um absurdo no ano seguinte, tanto que possibilitou à Brawn estar onde está. Não é de se esperar um milagre assim.
Contudo, a seleção das equipes para 2010 não pode simplesmente esquecer três excelentes postulantes que ficaram de fora: A prórpia Epsilon Euskadi, que já declarou seu interesse em 2010, e que não abandonou seus planos, e que por este blogueiro é a mais indicada; o eterno postulante David Richards, com a Prodrive mais preparada que nunca com a parceria com a Aston Martin, e a Lola, que nunca pode ser descartada pela estrutura, pela história e pelos parceiros que sempre consegue.
Nestes cenários possíveis, temos:
- A compra da Sauber, em um management buy-out, como a Brawn.
- A compra da estrutura da equipe por uma das postulantes.
- O ingresso direto, sem meios termos, de uma das postulantes.
Com a crescente ameaça de que mais equipes possam abdicar de seus lugares na próxima temporada, com a saída improvável da BMW e com a possibilidade de novas equipes com condições mínimas de disputar 2010 mesmo sem um teto (mais uma vez, a Epsilon sai na frente), o debate continua sobre 2010, o mercado de pilotos se agita com dois bons pilotos no mercado (um desmotivado, mas excelente Kubica, e um experiente Heidfeld) e a dura compreensão de que, na realidade econômica financeira, não se brinca com dinheiro.
Lamento muito pelos funcionários da BMW F1 dependerem dessa nojenta especulação.
O que vcs acharam dessa decisão da BMW? Comentem!

5 comentários:

  1. Era uma decisão inevitável devido às proporções que a crise econômica atingiu.
    Mas poderia ser diferente caso a F1 fosse mais atrativa. Nem coloco aqui a questão da redução de custos. Acredito que isso não seria totalmente necessário desde que a F1 atraísse mais investimentos.
    Mosley pensa em reduzir gastos. Mas ele deveria pensar em atrair mais verba para a categoria.
    O problema é que a F1 não possui ideias novas. Mas o que poderia se esperar quando se tem um homem perpetuado no poder?

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  2. Ótimo post, Ridson.

    Eu não fiquei surpreso, lembro-me como os alemães criticavam a Williams a então parceira, por mais envolvimento no projeto do carro. E o quê eles conseguiram com a equipe própria deles em três anos? Uma mísera vitória no Canadá com ajuda da sorte! Culpar a crise é fácil. Não fará falta.

    Falou, BMW...

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  3. Eu fiquei um pouco surpreso sim. Pensei que tinham mais comprometimento com o esporte, com visão verdadeira de longo prazo (pelo menos 10 anos).

    Foi uma covardia e hipocrisia tomar lado na briga FOTA x FIA pelo fim do teto orçamentário e um mês depois anunciar a saída da F1 por uma razão que mesmo que não seja explicitada claramente é a de corte de custos.

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  4. Caro Ridson:

    Cheguei ao seu blog por meio daquele convite para o post sobre Barrichello. Depois disso, você registrou um comentário extremamente elegante em minha página (ao qual respondi lá mesmo).

    A partir daí, regressei muitas vezes ao Blog Histórias e Velocidade e li praticamente todos os posts. Gostaria de parabenizá-lo pelo ótimo conteúdo. A coluna “Uma opinião” foi a que mais me divertiu. A parceria com Jobson Mendes é uma atração a mais.

    Também gostei do ritmo das publicações. Para realizar uma leitura atenta de textos longos, naturalmente precisamos nos reservar um bom tempo. É o que costumo fazer. Ler com calma e bastante atentamente. Só assim, acredito, podemos sentir o verdadeiro espírito do blog e de seu editor.

    A proposta de investir na história de personalidades que fazem o show da F1 é interessante e deixa de concorrer com tantos outros blogs que nos contam o dia a dia da categoria. Esse é um bom diferencial, que combina com a sua especialização acadêmica, como historiador.

    Considerando a estréia recente, sugiro que mantenha a elevada qualidade editorial. A conquista de leitores caminhará paralelamente. Só não tenha pressa. Precisará de constância, persistência e permanente aprimoramento.

    Já incluí o link na lista de Feeds e espero prestigiar o espaço por meio de comentários, sempre que possível.

    Um forte abraço e vida longa ao blog!

    PS. Aproveito para lhe fazer um convite, numa horinha em que estiver pouco atarefado: você disse ter algumas “severas” discordâncias com a filosofia liberal; ficaria contente por conhecer os seus pontos de vista, de forma plenamente receptiva para o contraditório. Escrevi o artigo, especialmente para destruir alguns mitos e motivado pelo seu comentário. Assim, espero que também se divirta!

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