Os escritores que aceleram neste blog

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acompanho a F1 desde 1994. por vezes o estranhamento choca e traz interesse. gosto de história desde 2002. bons professores trazem a tona paixões que pareciam subexistir. sou Ridson de Araújo, tenho 21 anos, faço História na Universidade Federal do Ceará.

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Este blog foi criado no intuito de divulgar, publicizar opiniões caladas e pesquisas que em geral não tem o devido espaço que (acreditamos) merecem. A iniciativa foi de Ridson de Araújo, e agora contará com colaboradores. Cada pessoa que se encontra aqui na redação tem o potencial como várias outras pessoas que tem/não tem internet, de pensar e agir. Duas paixões e duas escolhas: História(s) e Velocidade.

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sábado, 18 de julho de 2009

Uma opinião: Galvão Bueno

Vamos dar início, aqui no blog, uma sessão semanal trazendo uma opinião sobre algum piloto (do presente e do passado), jornalista do meio esportivo, dirigente de equipes, historiadores, enfim sobre aqueles que são alvo de nossos comentários aqui no blog Histórias e Velocidade.
Essa figura, Galvão Bueno, é uma das mais polêmicas da história da Rede Globo de televisão, talvez de toda a imprensa brasileira. Digamos, sem exagero algum, que virou um esporte nacional xingar ou fazer gozação com esta figura polêmica. E, ainda sim, Galvão Bueno possui vários admiradores.
Galvão começou no rádio paulista, passou pela TV Gazeta e pela Rede Record, antes de se dirigir à Rede Bandeirantes, em 1979, na qual ficou até 1981, quando foi para a Rede Globo, estreando na narração de jogos da "Libertadores da América". Depois da saída de Luciano do Valle, em 1982, após a Copa do Mundo, tornou-se o locutor oficial da emissora, adquirindo prestígio crescente e tornando-se amigo pessoal de esportistas, comentaristas e se aproveitando dessa proximidade para conseguir entrevistas inéditas, comentários em emissões etc. (que, apesar de ser uma tática comum de jornalista, acabou sendo marca registrada de Galvão Bueno). Lá permaneceu até sair no fim de 91, indo para a Rede Om, atual CNT, tendo relativo sucesso , mas nada tão destacado. De comum acordo, volta para a Globo em 1993 e permanece até hoje. E lá ficará, no mínimo, até 2014, se nada acontecer para impedir isso.
É uma análise simples, com algumas fontes de Youtube. Qualquer um que procure vídeos sobre antigas narrações da TV Globo, em reviews feitos pelo "Platavideos", de corridas dos anos 80 e início dos 90, ou raros vídeos de reviews de narrações de 1980, na TV Bandeirantes, mostram um Galvão Bueno bastante diferente (não só fisicamente, obviamente), em seu estilo de narração, mas também em seu comportamento durante a mesma narração. Pode até ser difícil acreditar, mas Galvão Bueno era diferente, e trago uma hipótese simples, mas válida: quanto mais tempo na TV, mais tosca a figura fica.
Mudanças mais significativas:
- Deixava os comentaristas falarem à vontade, e ponderava apenas o que era possível para um narrador esportivo, com conhecimento limitado. Hoje em dia monopoliza a narração, não deixando nem os comentaristas e nem os repórteres in loco atuarem quando julgassem necessário.
-Eram narrações mais objetivas, sem termos arranjados, floreios e até mais esclarecedoras, sem muitas gafes (aparentemente). Ponderando que as imagens são edições, podemos estar enganados, mas é marcante a diferença.
- Dava mais emoção e dinamismo às narrações em triunfos de não-brasileiros, sem demonstrar tanto um ufanismo escrachado e até chato.
Ainda sim, era possível já perceber as muitas suposições feitas por ele durante as narrações, suposições estas de cunho até psicológico, do estado de pilotos. Isso é mais visível nos anos de Globo, mais precisamente de 1983 em diante (do 2º título de Piquet em diante). Nas narrações futebolísticas, em embates de clubes brasileiros contra outros brasileiros, narrações até limpas, mas entre clubes brasileiros e estrangeiros, na " Libertadores da América", já ia revelando traços claros de sua postura, o que sem dúvida facilitava a narrativa para os torcedores nacionalistas, mas tornava difícil a digestão por parte da imprensa que preza a imparcialidade (cuja existência não acredito, e sim prefiro uma objetividade e clareza).
Como o próprio narrador se auto-intitula, é "a voz" do esporte nacional. Quer queiramos, quer não. E essa é uma construção histórica que se veicula através do meio de comunicação chamado imprensa televisiva, de grande espectro e muito marcante, especialmente se falamos de Rede Globo. Sem dúvida, é o motivo principal: ser o narrador principal da principal emissora brasileira de televisão (o que, em minha opinião, não dá nenhuma credibilidade ou qualidade, mas é sem dúvida a de maior audiência e influência).
A segunda razão vem da primeira.: Galvão, sendo o narrador "oficial", acompanha grandes momentos do esporte, como as vitórias da seleção de Futebol, das principais conquistas automobilisticas de Senna (amigo pessoal) e Piquet (essa relação mais complexa e estranha, se respeitam na visão pública, mas nunca se bicaram nos bastidores),e de conquistas em outras áreas. E também de grandes "tragédias" no meio esportivo, como mortes, grandes e marcantes derrotas, etc. Seus gritos, seus "R" rasgados e intermináveis ; e seus silêncios constrangedores e/ou tons graves e tristes, regados de críticas e suposições do imponderável nos acompanham nas importantes narrações do esporte, nas lembranças e vestígios do passado.
Sobre as vitórias de Senna, marcou sua voz, junto com o tema da vitória, no imaginário coletivo de muitos brasileiros que inclusivem falam que, quando não é o "Galvão", parece não ter a mesma emoção. Outros muitos apreciam rir de suas gafes, de suas crescente erradas e divagações, com a natural perda de memória (afinal Galvão completará 59 anos na próxima terça dia 21), voz mais rouca. Outros muitos, como disse no começo,o xingam porque é hábito, porque faz parte do complexo ritual de se sentar diante da televisão e descarregar suas inquietações, frustrações... e muitos outros que, com razão, se cansam de ter uma narração não-objetiva, não-informativa, que tenta secar adversários e inflamar possíveis heróis que não tem as condições (Às vezes o perfil) para cumprirem o papel. Rubinho, Ronaldinho(s), e tantos outros os que foram suas jóias raras de babação-de-ovo em rede nacional? E mesmo Senna, mito santificado criado por emissoras, por ele próprio, por marketings bem estabelecidos, sacramentados com muito talento e uma morte trágica e (porque não?), poética, desfecho chocante de uma carreira de sucesso, passaram pela narração do amigo Galvão Bueno.
'Galvão" é um personagem criado por Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno. E pesa. E cai como uma luva, tão contraditório e tão dicotômico quanto Rubens Barrichello. Cresceu com o esporte, com a Rede Globo, alcançou fama, prestígio, e nela se perdeu. Perdendo o amigo e veículo de auto-promoção Senna, tentou e tenta eleger outros mitos para se firmar, para lutar contra a idade e contra um estilo de narração que só decái em qualidade, por pensar que a narração é um monólogo interminável que precisa a todo custo de improvisos e besteiróis, que precisa de "emoção" quando nem mesmo o esporte parece dar.
Galvão e sua experiência não são de se jogar fora: filhos correm no automobilismo; passou a entender muito de carros convivendo com pilotos e de vez em quando usa esse conhecimento nas corridas, junto a Reginaldo Leme e Luciano Burti. Talvez muito mais pela falta de nível da concorrência dentro da própria Globo, que possui narradores ruins, como Cléber Machado (esse me dá náuseas) e outros bons, que não parecem saber muito conduzir uma corrida, como Luiz Roberto (o melhor narrador na Globo atualmente).
Sabemos que para gatos velhos não se ensinam truques novos, então não é de se esperar uma melhorada em "Galvão", o personagem narrador-observador que teima em intervir.E sim, muitos terão que aturá-lo na absoluta falta de opções. Mas é curioso lembrar que Galvão nem sempre foi assim,mostrar e perceber que o personagem é construído dentro de sua própria história, e dentro do contexto em que se insere.
São apenas, como quase tudo na vida, opiniões.
Fontes:

6 comentários:

  1. Sem falar na distribuição de grosserias que ele dá em off, relatos de mau humor e prepotência. Galvão Bueno tem um ego enorme. Post muito informativo e ponderado sobre essa figura peculiar do esporte brasileiro. Sem contar que a evolução ufanista do Galvão se deve a Rede Globo que não permite críticas a atletas brasileiros.


    Excelente post Ridson!

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  2. Excelente texto, realmente foi uma boa análise, não viu só o lado negativo, como muitos que inventam de postar sobre o Galvão só pra detonar o cara. Se o cara não fosse bom, não seria a voz do esporte. Certamente não está lá à toa.

    Só discordei de um coisa: Luiz Roberto é insuportável! Ainda bem que a Globo o mantém atrás do Galvão e do Machado. Ter que aguentar uma corrida de F-1 com as bobeiras do Luiz Roberto e seus comentários esquisitos, para dizer o mínimo, é um sufoco que há muito tempo não sou obrigado a passar. Esse pra mim é o pior dos principais, sem dúvida.

    E o Galvão é o que é: o maior narrador do Brasil. Com seus defeitos, sim, mas não há ninguém superior a ele.

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  3. Não sei o que é pior. Aguentar o Galvão Bueno na F-1, o Luciano do Valle narrando a Fórmula Indy ou o tal de Ivan Zimmermann narrando a NASCAR.
    O Galvão é vaidoso e prepotente. Quer ser mais importante do que o evento que narra. Ele se acha. O Luciano do Valle já está gagá. É um mala sem alça que não entende de nada, muito menos de automobilismo. O tal de Zimmermann é um chato que não sabe distinguir um carrinho de mão de um fórmula 1. Haja saco.....

    Um abraço
    Sérgio

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  4. é complicado já que a qualidade de narradores esportivos que temos é fraquíssima. GB com o passar dos anos, foi ficando com o ego cada vez maior. Luciano do Valle, també era bom ,mas ficou gagá e egocêntrico, mais até do que GB, quando narra F-Indy. no futebol ele segura a spontas ainda... Realmente Galvão é péssimo, mas não temos melhor e não vai surgir um bom ou pelo menos razoável por um bom tempo...

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  5. O Galvão é ruim mas a gente se diverte ao ouvir suas viagens como no GP de Mônaco: "agora eles vão ser sugados pelo túnel".

    E como vc lembrou ele pelo menos entende razoavelmente de automobilismo, ao contrário do Cléber Machado (esse é triste, tb acho que é o pior da Globo).

    Agora, na minha opinião, o melhor narrador de F1 da televisão brasileira é o que narra na maioria das vezes na Sportv junto com o Lito (se não me engano seu nome é Sérgio Maurício).

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  6. Eu acho que o Sérgio narra melhor outras coisas, mas ele não é nada mal, comparado aos globais.
    o "sugados pelo túnel" é uma expressão dos pilotos, pelo que me lembro, mas ele falando parece realmente bem descontextualizado hehe
    Mas, no mais, eu prefiro assistir F1 com ele, talvez infelizmente pelo costume.

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